Contam os antigos que bem antigamente, nos idos de 2017, nosso povo se reuniu pra comemorar cem anos da chegada dos ancestrais nos Três Coqueiros. Naquele dia, todo mundo teria escrito o nome numa toalha, que existe até os dias de hoje, décadas e décadas depois. As mulheres fizeram uma roda, enquanto no meio se declamava um poema sobre os antigos. Até se cantou uma moda de viola do Dino Franco, que lembrava a vida do nosso povo no sertão. E dizem que foi muita contação de história, coisa que praticamente não existe mais.
Na roda dos Rodrigues/Coutinho/Galvão falou-se que os Rodrigues se originavam de judeus-russos, vindos da Polônia. Na roda dos Sant’Ana/Vieira/Arruda mencionaram um costume que a gente tem até hoje (parece falta de educação, mas é cuidado) e que veio de uma ancestral dos Arruda (a Rosalina). Quando as visitas estavam pra ir embora, ela dizia: “— Iá, se é que tem que ir, vão!”
Contaram também do Rev. Jonas, que era muito atlético quando moço – lutava box e jogava no São Bento de Sorocaba. E que uma vez, passando sobre o rio Sorocaba nos trilhos do trem, veio o trem e ele se pendurou nos trilhos. Já a dona Hermi (Rodrigues) e dona Ilda (Sant’Ana) ficaram penduradas numa porteira, ameaçadas por um bode (porteiras existiam naquele tempo, mas hoje não existem mais).
Também um avião teria aterrissado em algum telhado se não fosse o Adalberto (Garcia de Oliveira), que pegou uma taquara, botou um lençol na ponta e orientou o piloto pra pousar no quintal do Antonio Nato. E teve até história de parente que foi capelão no front da Primeira Guerra pelas tropas canadenses.
Mas nessa reunião também estiveram os Almeida/Prado/Salviano/Barreto, que eram grandes contadores de história. 2018 seria o ano deles, pois faria cem anos que chegaram no Ribeirão dos Patos, perto dos Três Coqueiros. Então eles foram lá pra receber o bastão.
Keila Málaque
Unknown
•7 anos ago
Bela oportunidade. Já estou com saudade desse dia feliz! Abração.