Keila Málaque
Em 1918, os Almeidas e famílias relacionadas chegaram nas terras do Ribeirão dos Patos, na beira do Paranapanema. Primeiro vieram os homens, como de praxe; eles preparariam a terra e construiriam os ranchos para as mulheres e crianças que chegariam mais tarde. A essa altura, atingir o Ribeirão dos Patos era um pouco mais fácil, porque até o Ribeirão Figueira já tinha chegado gente um ano antes (as famílias Rodrigues, Galvão, Bertholdo Vieira e Sant’Ana).
Os Almeidas e Cândidos eram originários de Minas e aportaram no Sertão dos Patos depois de uma longa peregrinação pelo interior de São Paulo na segunda metade do século 19 (Cândidos e Almeidas são ramos diferentes de uma mesma família). Nesse tempo, eles já estavam devidamente misturados com outras famílias que foram encontrando no meio do caminho; os Bueno do Prado, por exemplo, que tiveram terras onde no futuro seria Macatuba. E misturados com as famílias Almeida, Cândido e Bueno do Prado estavam os Dias do Prado ou Lacerda Dias (ramo de minha trisavó Joaquina e seu irmão Elias Dias do Prado).
Os Almeidas também se misturaram com os Salviano-Barretos: tanto Chico Maria como seus irmãos Messias e Mariazinha se casaram com gente dessa família. Os Salvianos eram naturais de Piraju e, na segunda metade do século 19, houve casamentos dessa família com os Barretos, de Lençóis, cujo nome oficial era Domingues de Oliveira.
O fato é que, embora minha família (do ramo Almeida Prado) tenha herdado há décadas um sitiozinho na beira do Ribeirão dos Patos, o nome do lugar só foi me fazer sentido há bem pouco tempo atrás. Quando minha mãe recuperou a mata da beira d’agua e outros sitiantes recuperam as suas, começaram a subir uns patos selvagens que deviam se sentir protegidos pelo corredor de mata.
Quando vi pela primeira vez uma pata selvagem com meia dúzia de patinhos correndo atrás, foi uma iluminação. Descobri que Patos não era um nome aleatório, atribuído ao rio por falta de ideia melhor. Em algum tempo longínquo, mais de cem anos atrás, a região foi cheia deles. Moral da história: plantemos árvores que os patos voltarão. Selvagens como antes.
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