
Texto extraído e adaptado do livro Mineiros em Terras Paulistas, de Keila Málaque
Como tantos outros povoadores do vale do Paranapanema, também os Murbach moraram em Lençóis na virada do século e se casaram amplamente com os Pereira/Ribeiro de Castro. Tudo naquele esquema bem comum entre os antigos: quatro filhos/filhas meus com quatro dos seus e um terço da família está com o destino resolvido (ou destruído). Entre outros sobrenomes, eles se casaram com os Matos (que saíram do Rio de Janeiro pra aportar na região de Agudos e Tupá), os Pereira Rangel e os Cardoso de Oliveira. E, no futuro, também fizeram parte da nossa tribo.
Mas a história dos Murbach é bem diferente da nossa, porque de mineiro eles não tinham nada. Em 1852 seus ancestrais emigraram da vila de Gächlingen, no Cantão de Schaffhausen, Suíça, e saíram de lá por problemas de superpopulação, desemprego e fome. Nesse ano, cerca de 11,5% da população da vila emigrou — a situação era trágica.
De acordo com um livro sobre Gächlingen que o primo Zizo trouxe da Suíça, as famílias que partiram dali em 1852 vieram pra trabalhar na fazenda de Biri, em Rio Claro, propriedade do Dr. José Elias Pacheco Jordão. Mas o pioneiro em trazer colonos estrangeiros para trabalhar no Brasil em sistema de parceria foi o Senador Nicolau Vergueiro, dono da Fazenda Ibicaba, na região de Limeira. O objetivo era substituir os escravos, porque, com a proibição do tráfico em 1850, o preço do escravo foi pras alturas. As despesas da viagem o fazendeiro custeava e, em troca, deveriam trabalhar na lavoura até ressarcir o valor, com juros de 6% ao ano.
Até que, em 1857, o colono Thomas Davatz, da Fazenda Ibicaba, liderou uma revolta. Reclamava que o fazendeiro comprava café dos colonos por preço abaixo dos de mercado e os extorquia na venda de mercadorias. E, quando voltou pra Suíça, contou a história no livro Memórias de um Colono no Brasil. Ou seja, passamos vergonha.
Mas os nossos Murbach — descendentes de Johann Jacob Murbach — ficaram no Brasil e fizeram a vida por aqui. E não só fizeram a vida como um ótimo trabalho de pesquisa genealógica, no qual me inspiro pra escrever esse texto. Johann Jacob (ou João Jacó) passou por Botucatu e dali a família (ou parte dela) foi pra Lençóis.
Um dos seus filhos, o Henrique Murbach, no futuro moraria na Fazenda Água do Atalho. Mas o que sei sobre o Henrique Murbach não tem nada a ver com os suíços. Além de ter sido pai de 20 filhos, diziam que ele tinha uma risada que se ouvia no final do quarteirão. Conclui-se que já era bem brasileiro.
Nota – Integrantes da família Murbach (ou Murback) se encontravam na região de Iepê desde a década de 20 do último século. Susana Murbach (casada com José Pereira Rangel) consta entre os membros formadores da IPI de Iepê em 1921. Poucos anos depois, em 1924, tem-se a membresia de Levi Murbach. Diversos representantes dessa família são citados na ata de organização da IPI da Água do Atalho, em 1926.
#familias-formadoras-ipi-iepe
Aparecido
•2 anos ago
Olá,
Esse post pode ser muito mais ampliado, pois a família Murbach tem uma história extraordinária no Brasil, a qual foi praticamente esquecida de grande parte de seus descendentes.
Até o momento, localizei um casal que veio da Suíça para Rio Claro, eles eram: Jakob Murbach e Elizabetha Schnetzler, que aqui no Brasil se tornaram: João Murbach e Isabel Murbach. Eles vieram aproximadamente entre 1852 e 1854 com 4 filhos: Bárbara, Maria Luísa, Elizabetha (Isabel) e Jakob Murbach.
Em Rio Claro, tiveram mais 6 filhos descobertos até o momento: Carlos, Henrique, Catarina, Anna e João.
Infelizmente, até o momento só foram localizados os descendentes do Carlos Murbach, o qual foi com sua família para Santa Bárbara d’Oeste antes de 1910, onde está uma grande parte de seus descendentes. Ele e sua esposa, Carlota Looze Murbach, viveram nessa cidade até falecerem.
Você poderia confirmar para mim se o Henrique que você mencionou é filho do Jakob Murbach e da Elizabetha Schnetzler?
Eu estou procurando os antepassados da minha bisavó, a qual se chamava Rosa/Rosalina Murbach, que faleceu em Campinas em 1898, e após seu falecimento a filha dela (que era criança) foi morar com o Carlos e a Carlota em Santa Bárbara d’Oeste, os quais eram parentes dela, mas infelizmente não sei qual era o grau de parentesco.
Celso William Cardoso Rodrigues
•7 meses ago
Meu avô João Cardoso de Oliveira, filho de Anna Bárbara Murbach de Oliveira, também frequentou a IPI de Iepê nos anos em que morou nessa cidade. Lá encontrou seus primos Henrique Rangel (filho de sua tia Suzana Murbach Rangel) e Lizíria Murbach (filha de seu tio Henrique Murbach) .
ReginaRangel
•1 mês ago
Meu avô paterno chamava se Florêncio Pereira Rangel. Era filho de José Pereira Rangel e de Suzana Murback. Morava em São Carlos, SP.